Assembleia de jornalistas aprova propostas para enfrentar a situação financeira gravíssima do Sindicato

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Assembleia dos jornalistas realizada na noite desta terça-feira 20/2 aprovou um a série de propostas para enfrentar em curto prazo a situação financeira gravíssima do Sindicato. Uma comissão formada por ex-presidentes, ex-diretores e jornalistas voluntários, aberta a todos os jornalistas interessados, foi formada para ajudar a diretoria a colocar em prática as propostas.

A assembleia também aprovou por unanimidade a adesão da categoria ao pagamento da contribuição sindical. A contribuição, tornada opcional pela reforma trabalhista, está sendo questionada judicialmente e já há interpretação de tribunais de que a assembleia da categoria é a instância legítima para decidir sobre o assunto.

O enfraquecimento financeiro dos sindicatos é parte do projeto político do golpe de 2016 para retirar direitos dos trabalhadores. As diversas mudanças na legislação trabalhista atendem aos interesses dos patrões, inclusive os proprietários de empresas de comunicação, que estão na linha de frente do golpe para vender à população as reformas reacionárias.

Exemplo disso é a campanha contra a contribuição sindical, presente no noticiário dos principais jornais e emissoras de televisão e rádio.

Não resta outro caminho aos jornalistas – como de resto a todos os trabalhadores – senão o de se unirem e lutarem em defesa dos seus direitos. A adesão à campanha de sustentação financeira do Sindicato é portanto um posicionamento político.

“A assembleia foi muito importante porque mostrou que parcela da categoria já entendeu isso e está disposta a sensibilizar o restante dos jornalistas”, avaliou a presidenta do Sindicato, Alessandra Mello.

Os números e as propostas

Uma das propostas aprovadas na assembleia foi tornar pública a situação financeira do Sindicato. O objetivo é levar aos jornalistas os números que mostram a realidade da entidade, como ela se agravou nos últimos meses e por que é fundamental manter o Sindicato funcionando.

DESPESAS E RECEITA

O Sindicato funciona com uma estrutura enxuta e o pagamento da folha e dos encargos é sua principal despesa. Há aproximadamente dez anos, eram 15 funcionários, hoje são apenas cinco.

A despesa total, nos últimos meses, depois de feitos inúmeros cortes, caiu para R$ 32 mil. A folha salarial fica em cerca de R$ 12 mil; com os encargos sociais chega a R$ 24.000. Incluindo despesas com honorários da contabilidade e de advogados trabalhistas, esse valor chega a R$ 30 mil.

Planos de telefones e outros foram negociados e reduzidos. Despesas com papel e escritório em geral se restringem ao mínimo necessário.

Diretores não recebem e vêm pagando do próprio bolso as despesas com transporte e alimentação para participar de audiências e mediações na justiça do trabalho e em assembleias e reuniões nas redações.

A receita, que em julho de 2017 foi de R$ 50.634, vem caindo mês a mês, chegando a R$ 23.796, em outubro e R$ 14.898, em dezembro.

Em fevereiro, até o começo da assembleia, a receita era de R$ 2.321,35.

INADIMPLÊNCIA

Um dos números que comprometem as finanças do Sindicato é o de inadimplentes. O Sindicato tem 3.025 associados, mas apenas 493 estavam em dia com suas anuidades até o momento da assembleia.

Por isso uma das principais propostas aprovadas pela assembleia é fazer uma campanha para que os sindicalizados paguem a anuidade de 2017 – cujos valores são R$ 255 para jornalistas da capital e R$ 129 para jornalistas do interior.

Jornalistas que devem também as anuidades de 2016 e 2015 ficam em dia pagando R$ 315 (capital) e R$ 165 (interior). Jornalistas que devem também 2014 e anos anteriores ficam em dia pagando R$ 350 (capital) e R$ 175 (interior).

A campanha vai mobilizar voluntários e a ideia é usar todos os meios, de peças publicitárias (feitas gratuitamente por colaboradores) a mensagens em redes sociais, e-mails e telefonemas até a abordagem pessoal boca a boca.

Se metade dos 2.532 inadimplentes ficar em dia, o Sindicato terá receita suficiente para se manter durante 10 meses, considerando as despesas atuais.

Esse cálculo mostra como a anuidade é importante para o funcionamento do Sindicato.

Se você é um sindicalizado inadimplente e deseja ficar em dia, pode ligar para o Sindicato, nos números 3224-5011 e 3224-5450, e falar com a Jô, na seção Registro. Ou mandar um zap para o celular 9-8798-2201.

SINDICALIZAÇÃO

Nunca é demais lembrar que o Sindicato não atua em defesa apenas dos jornalistas sindicalizados, nem tampouco dos sindicalizados em dia, mas sim de todos os jornalistas, incluindo os inadimplentes e também os não sindicalizados.

Por isso, além da adimplência dos sindicalizados, é preciso aumentar a sindicalização da categoria. O Sindicato não tem um número preciso, mas estima que o número de jornalistas em atividade é muitas vezes superior ao número de sindicalizados.

Durante a atual gestão, desde julho do ano passado até a assembleia de ontem, tinham sido feitas 43 novas sindicalizações. O objetivo é ampliar esse número, sensibilizando principalmente jovens jornalistas hoje distantes do Sindicato ou que até frequentam a entidade, mas não compreenderam ainda a importância de se sindicalizarem.

A campanha para incentivar novas sindicalizações reduziu a anuidade de 2017 para R$ 150 (interior) e R$ 75 (interior).

APOSENTADOS

Os jornalistas aposentados não pagam anuidade. O Sindicato tem 325 associados aposentados. A cobrança de anuidade aos aposentados depende de mudança no Estatuto, não é uma alternativa de curto prazo, mas vários deles, presentes à assembleia, afirmaram que se dispõem a colaborar financeiramente para vencer a crise atual.

A proposta aprovada é que sensibilizar os associados aposentados para que também colaborem com o pagamento de uma anuidade, aqueles que puderem. Uma comissão ficou encarregada de escrever uma carta aos aposentados e contatá-los, um a um.

VAQUINHA

Será feita uma campanha de financiamento coletivo na internet. Como recompensa, os colaboradores receberão fotografias doadas por fotógrafos mineiros, entre outros presentes. A campanha, que deverá estar no ar no começo de março, já está sendo elaborada por profissionais experientes nesse tipo de projeto e logo será divulgada.

LIVRO DE OURO

A Casa do Jornalista sempre esteve aberto a personalidades e tem simpatizantes em todas as áreas da sociedade, que certamente se sensibilizarão com a atual situação financeira do Sindicato. Por isso foi aprovada a proposta de criação de livro de ouro cujos signatários poderão demonstrar sua solidariedade aos jornalistas mineiros colaborando com quantias diversas.

LOCAÇÃO DE ESPAÇO

O Sindicato dispõe de sede própria, o casarão conhecido como Casa do Jornalista, localizado na região central de Belo Horizonte, bem em frente ao terminal rodoviário para o Aeroporto de Confins. Um projeto de reforma do imóvel já aprovado na lei de incentivo estadual vai atacar suas principais deficiências, como telhado, ventilação, infiltrações e outras, e possibilitar que ele seja alugado para eventos, gerando uma nova fonte de renda para o Sindicato.

Mesmo antes dessa reforma, porém, o espaço da Casa do Jornalista, que ao longo dos seus 52 anos de funcionamento sempre recebeu eventos diversos, passará a ser alugado. Uma comissão ficou encarregada a divulgar o espaço para aluguel.

CURSOS E OFICINAS

A qualificação profissional dos jornalistas é há décadas uma das frentes de atuação do Sindicato, com o destaque para o projeto Qualificar, que funcionou pela última vez em 2015. A proposta apresentada na assembleia é de o Sindicato retomar a realização cursos e oficinas, que serão dados por voluntários, gratuitamente. Portanto, se você é jornalista e que oferecer uma oficina, pode procurar o Sindicato e integrar o banco de talentos voluntários. Algumas oficinas já estão sendo estudadas, entre elas: diagramação, fotografia com celular, redação e locução. Se você é jornalista, fique atento para a divulgação da programação.

ASSESSORIAS E SERVIÇO PÚBLICO

Uma das mudanças na categoria que impactou o Sindicato foi o crescimento das assessorias. O Sindicato é originalmente a entidade dos jornalistas que trabalham em redações, principalmente em veículos impressos, mas essa situação vem mudando ao longo das décadas e ainda mais nos últimos anos. A maior redação de jornal da cidade já teve 300 jornalistas e hoje tem menos de 70.

Ao mesmo tempo, há jornalistas trabalhando em inúmeras assessorias de empresas privadas e serviços públicos. A sindicalização, no entanto, não acompanhou esse crescimento. Por isso uma das propostas aprovadas é a de aumentar a sindicalização de jornalistas de assessorias de imprensa e serviços públicos; uma comissão atuará nessa área.

DIA D

Outra proposta aprovada na assembleia é a de realização de um “Dia D”, isto é, um dia no qual serão vendidos artes, artesanatos etc. produzidos e doados por jornalistas e simpatizantes do Sindicato, com a renda revertida para a entidade. Esse dia e as formas de participação e doação serão amplamente divulgados.

União de forças

A atual diretoria já é uma diretoria de união, na qual situação e oposição uniram forças. A assembleia foi uma passo além nessa união, agora é preciso dar novos passos. Durante a assembleia vários associados ficaram em dia e alguns até anteciparam a anuidade de 2018.

Vivemos um momento decisivo na vida do Sindicato. Como na década de 1970, quando, perseguidos pela ditadura, os jornalistas reinventaram sua atuação política, é hora de novamente nos unirmos para construir novos caminhos. O futuro do Sindicato, dos jornalistas e do próprio jornalismo depende da nossa mobilização.

Neste momento, o Sindicato, que sempre foi de todos – não só dos sindicalizados, não só dos jornalistas – precisa de todos.

Luta, Jornalista!

[21/2/18]

2 COMMENTS

  1. Já fui diretora desta entidade. Sei o quanto é importante. Podem contar comigo. Acho que estou em dia, mas vou verificar minha situação e regularizar o que estiver pendente. Também vou doar objetos para o bazar. Farei o que estiver ao meu alcance para reerguer o Sindicato dos Jornalistas de Minas Gerais. Nilza Murari

  2. Não podemos perder o foco político desta batalha. Que tal iniciarmos uma campanha pelo pagamento da contribuição sindical (taxa confederativa). A contribuição sindical não foi proibida. Tornou-se facultativa. Qual o valor de 2018? Posso pagar até que dia? Do total recolhido, qual o percentual vai para o Sindicato e quando?

    Saudações sindicais,

    Helena Barcelos

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