Em assembleia realizada nesta quinta-feira 5/10 (foto), os jornalistas e radialistas da Rádio Inconfidência e da Rede Minas decidiram paralisar o trabalho na próxima segunda-feira 9/10. O objetivo é pressionar o governo do estado a voltar atrás na decisão absurda e ilegal de cortar o reajuste salarial e o reajuste do tíquete alimentação dos trabalhadores.
“O reajuste é legal, a questão é só o governo querer pagar”, explicou na assembleia a presidenta do Sindicato dos Jornalistas, Alessandra Mello. “Ou nós pressionamos ou o reajuste não sai. Todas as nossas lutas nos últimos anos mostraram que só com a mobilização os patrões cedem. Foi assim no Hoje em Dia, no Estado de Minas, no O Tempo”, disse.
O vice-presidente Daniel Camargos ponderou que ninguém gosta de fazer greve, mas diante da intransigência demonstrada pelo governo não há outro caminho. “O nosso convite é para a categoria levantar a cabeça”, acrescentou o diretor Felipe Castanheira.
Desrespeito à CCT
O reajuste de 4,57%, retroativo à data-base da categoria, 1º de abril, e um abono de R$ 2.000 estão previstos na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) assinada em junho pelo Sindicato dos Jornalistas e o Sindicato das Empresas de Rádio e Televisão de Minas Gerais. A Inconfidência foi a última emissora a pagar o reajuste, no mês passado. O reajuste no tíquete alimentação foi concedido a todos os servidores públicos estaduais.
Este mês o governo voltou atrás. A mesma Câmara de Orçamento e Finanças (COF) que autorizou o pagamento do reajuste salarial em julho deste ano, por meio de uma resolução, encaminhou nova resolução à direção da Rádio Inconfidência, no dia 18 de setembro, retirando o benefício e ainda determinando o desconto do dinheiro já pago aos trabalhadores, dividido em oito parcelas mensais.
Os trabalhadores não aceitam mais esse desrespeito e exigem ser tratados com dignidade. Nesta quarta 4/10, os sindicatos dos jornalistas, radialistas e servidores públicos se reuniram com representantes do governo durante mais de três horas na Cidade Administrativa. O governo que, em publicidade, prega o diálogo e, na campanha eleitoral de 2014, prometeu valorizar as emissoras públicas se manteve intransigente.
A nova orientação da COF foi que os sindicatos assinassem um acordo em separado para substituir a CCT. Nesse acordo não constaria o pagamento do abono. Os sindicatos não aceitaram e exigiram o cumprimento da CCT e a manutenção do reajuste do tíquete pago a todos os servidores mineiros.
A mesma intransigência foi demonstrada pelo governo na negociação das reivindicações dos trabalhadores da Rede Minas, cuja carga horária está muito acima do previsto na legislação trabalhista. Além disso, na nova sede das duas emissoras, na Estação da Cultura Presidente Itamar Franco, os trabalhadores são obrigados a conviver em um ambiente insalubre, com ar-condicionado desregulado, carpetes infectados e preços exorbitantes para estacionar seus veículos.
Salários e publicidade
Os salários pagos tanto pela Rede Minas quanto pela Inconfidência são aviltantes. Salários melhores só para servidores comissionados. Pesquisa feita pelo Sindicato dos Jornalistas com trabalhadores das duas emissoras revelou que, dos empregados que responderam o questionário, 80,7% ganham até R$ 2.500.
Outro levantamento feito pelo Sindicato mostrou que o governo Fernando Pimentel destinou para a Rádio Itatiaia uma verba de publicidade seis vezes maior do que a destinada à Rádio Inconfidência ao longo de 2017.
Para a Rede Minas, canal que mais produz conteúdo próprio em Minas Gerais, foram destinados R$ 198.126,29 em publicidade em seis meses. A verba destinada à Rede Globo foi dez vezes maior. A Rede TV!, que pouco produz em Minas, recebeu mais que a Rede Minas: R$ 291.767,33.
Greve e assembleia
Na assembleia realizada hoje, os trabalhadores decidiram lutar por seus direitos. A greve, que seguirá todos as exigências legais, está marcada para as 13h de segunda-feira 9/10 e vai durar 24h. Na terça-feira, no mesmo horário, em nova assembleia, na porta da sede das duas emissoras, será avaliada a continuidade do movimento.
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[5/10/17]