O número de trabalhadores sindicalizados no Brasil vinha aumentando antes do golpe e atingiu o maior índice na história recente do país em 2015. O principal motivo pelo qual os trabalhadores se sindicalizam é entenderem que o sindicato defende seu direitos.
Estas informações estão em matéria publicada pela Folha de S.Paulo no domingo passado, 23/7, intitulada “Perfil dos sindicatos brasileiros”. A matéria se baseia na pesquisa “Aspectos das Relações de Trabalho e Sindicalização”, do IBGE. Outras fontes citadas pelo jornal são Ministério do Trabalho, Dieese e sindicatos.
O aumento do número de sindicalizados pode ser explicado pelo aumento do número de trabalhadores empregados. “O aumento de empregos formais até 2015 também aumentou o número de filiados a sindicatos”, analisa o economista Frederico Melo, da subseção CUT do Dieese em Minas Gerais. “Outra hipótese é que as mobilizações a partir de 2013 podem ter induzido o aumento de sindicalizados”, acrescenta.
Maior percentual
A pesquisa do IBGE surpreendeu, segundo o economista. A taxa de sindicalização só foi maior no final da década de 1980 e começo da década de 1990, quando o movimento sindical brasileiro teve um grande impulso e ficou em torno de 21%.
A matéria da Folha mostra que o número de trabalhadores sindicalizados no Brasil aumentou de 15,5 milhões, em 2013, para 18,4 milhões, em 2015. É o maior número no período analisado pelo jornal – 2004 a 2015 – e é também o maior percentual em relação à população ocupada: 19,5%.
Em 2004, os sindicalizados eram 15,3 milhões. O número aumentou para 16,1 milhões em 2005 e 16,7 milhões em 2006. Em 2007 caiu para 16,1 milhões e voltou a subir em 2008, para 17 milhões. Voltou a cair nos anos seguintes, chegando a 15,5 milhões em 2013, número praticamente idêntico ao do início da série, mas muito menor em termos percentuais: 16,2% em 2013 contra 18,5% em 2004.
Em 2014, a sindicalização voltou a se recuperar, chegando a 16,5 milhões (16,9%), e atingiu o pico em 2015.
“Sindicato defende os direitos dos trabalhadores” foi o motivo apontado pela maioria dos filiados (50,8%), segundo pesquisa do IBGE.
Número de sindicatos
A matéria informa também que o Brasil tinha mais de 10 mil sindicatos em 2016, representando cerca de 50 milhões de trabalhadores. O número é considerado alto e comparado com o da Alemanha, que tem apenas oito.
Segundo Frederico Melo, o número de sindicatos varia muito de país para país e tem a ver com a história de cada nação. “O que se entende por sindicato é diferente no Brasil e na Alemanha”, explica o economista. “Na Alemanha existem entidades nacionais, que são quase como as federações no Brasil.”
Publicada na página A20 da editoria Mercado, a matéria assinada por Fernanda Perrin afirma que a reforma trabalhista incentiva a concentração de sindicatos e que o fim do imposto sindical pode levar entidades a se fundir, mas o fortalecimento depende de mudanças na Constituição e na CLT.
Frederico Melo concorda que a fragmentação enfraquece e cita como exemplo as campanhas salariais na Cemig, quando se sentam à mesa cerca de vinte sindicatos para negociar com representantes da empresa. “Em Minas Gerais vivemos um momento de unificação, inclusive de centrais diferentes”, informa. “Uma representação de vários ramos tende a ter mais força.”
A unificação de sindicatos em âmbito nacional poderia enfrentar também estratégias de empresas que muda de município ou região em busca de mão de obra mais barata e desorganizada. “Isso também pode ser feito por negociações coordenadas”, acrescenta.
[27/7/17]