Universitários da década de 1970 reuniram-se no sábado 10/6 no Diretório Acadêmico Alfredo Balena, na Escola de Medicina da UFMG, para celebrar 40 anos do III Encontro Nacional de Estudantes, que aconteceu no mesmo local em 1977. O encontro, que tinha como objetivo reconstruir a União Nacional dos Estudantes (UNE), em plena ditadura militar, foi duramente reprimido e culminou com a prisão de cerca de 400 universitários, mas foi um marco de luta do Movimento Estudantil.
Periodicamente, aquela geração estudantil se reencontra na mesma data. Há dez anos, uma reunião mais informal, marcada com uma exposição de fotografias e reproduções de jornais organizada pelo fotógrafo Marcelo Pinheiro e inauguração de uma placa na entrada do DA Medicina, celebrou a democracia e relembrou para os jovens universitários uma realidade que parecia distante: um regime de exceção. Era o começo do segundo governo Lula. Este ano, ex-estudantes e estudantes voltaram a empunhar a bandeira das eleições diretas para presidente.
“A geração de 1977 é lembrada como a geração que fez o III ENE, mas fizemos mais”, disse o analista de sistemas Jânio Bragança (foto), que era presidente do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UFMG na época. “Fizemos eleição direta para o DCE, desafiando o Decreto 228, que determinava eleição indireta. Nossos shows eram reprimidos e nosso murais censurados. O desafio se repete agora. Vamos nos juntar aos outros setores da sociedade brasileira que lutam pela democracia.”
A vice-presidenta da UNE, Moara Correa, disse que a história da entidade estudantil – que a partir de quarta-feira 14/6 realiza seu 55º congresso em Belo Horizonte, no campus da UFMG – confunde-se com a história do Brasil. Ela chamou atenção para as mudanças ocorridas na universidade brasileira nas últimas décadas e que afetaram também a UNE. “A universidade brasileira, hoje, tem outra cara, tem uma cara mais parecida com a minha”, disse a estudante afrodescendente. Ele encerrou sua participação entoando o velho refrão estudantil: “A UNE somos nós, nossa força e nossa voz!”.
O jornalista Carlos Barroso convidou os presentes para o lançamento da revista de poesia Cem Flores Pirata, comemorativa dos 40 anos do III ENE. “A revista Cem Flores foi fundada aqui, no bandejão da Medicina, em 1978, e voltou a se reunir este ano, como uma banda de rock que se reúne para tocar novamente, depois de muito tempo”, contou o jornalista e poeta, que já organizou diversas mostras de arte na Casa do Jornalista e atualmente é curador do projeto “Brevíssima Antologia Poética de Jornalistas-Poetas”, na revista Pauta, do Sindicato.
O diretor de Cultura do Sindicato e assessor de comunicação da UNE Artenius Daniel também compareceu à celebração dos 40 anos do III ENE. “É muito bom ver essa geração universitária reunida aqui, quarenta anos depois”, disse. “Isso mostra a força que o movimento estudantil tem e como a luta pela democracia une várias gerações de brasileiros.”
(Foto: Augusto Borges.)
[12/6/17]