Fotógrafo é preso em cobertura de manifestação em BH

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Duas pessoas foram presas na manhã desta quinta-feira 24/11 durante a manifestação de alunos secundaristas, no centro de Belo Horizonte. Caio Santos, colaborador do portal online Jornalistas Livres, que fazia a cobertura jornalística do ato, foi detido pela polícia. Enquanto filmava a prisão do fotógrafo, uma menor foi apreendida pela PM por realizar os registros e encaminhada para o Centro Integrado de Atendimento ao Adolescente e Autor de Ato Infracional (CIA).

A Polícia Militar afirmou que a prisão foi realizada por “desobediência e resistência à prisão” e alegou que o fotógrafo registrou um furto e se negou a mostrar as imagens para os policiais. Santos foi levado para a Central de Flagrantes (Ceflan) e, posteriormente, para o Juizado Especial Criminal (Deajec). A Comissão de Direitos Humanos da OAB foi acionada e encaminhou advogados para prestarem assistência aos detidos.

As prisões ocorreram durante uma intervenção da PM que dispersou, com uso de bombas de gás lacrimogênio e balas de borracha, os manifestantes que obstruíram parte da avenida Afonso Pena. Durante a operação, os secundaristas caminharam até a porta da prefeitura, onde foi realizada uma nova dispersão pela Polícia Militar. De acordo com relatos, houve agressão e coação dos militares contra algumas pessoas que estavam registrando, de alguma forma, todo o ocorrido.

Idosa é vítima de abuso policial

Liana Valle , 62 anos, é arquiteta e trabalha na prefeitura de Belo Horizonte. Enquanto filmava com o celular a ação da polícia, um agente a agrediu e proibiu que continuasse realizando os registros. De acordo com seu relato, “uma moça estava jogada no canteiro central da Avenida Afonso Pena e gritava muito. Me aproximei para fotografar a ação da PM. Apareceu um policial que segurou o meu punho e me puxou. Falou que eu era testemunha e que estava detida por estar filmando a ação deles”.

Ela conta que o policial exigiu a entrega do celular com a filmagem e as fotos que tinha realizado. “Eu não entreguei e ele não soltava o meu pulso”, relata. Outro policial se aproximou e solicitou a ela que mostrasse o documento de identidade. “Mostrei a eles minha carteira e disse que sou funcionária pública. Levaram minha identidade e continuei presa pelo PM até eu conseguir soltar o meu braço.”

Apresentando escoriações, Valle relata que procurou sua identidade entre os policiais que não manifestavam qualquer tipo de interesse em devolver o documento. “Tive que gritar e procurar entre os agentes quem estava com minha carteira.” Finalmente, conseguiu encontrar o documento e deixou o local.

Reportagem de Lucas D’Ambrosio e Mariana Cordeiro, publicada no Contramão, jornal laboratório do curso de Jornalismo Multimídia do Instituto de Comunicação e Artes do Centro Universitário UNA.

[24/11/16]

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