A proposta de reajuste salarial apresentada pelo sindicato patronal abaixo da inflação somada ao reajuste com perda real da negociação do ano passado significa a perda de todo o ganho real acumulado pela categoria entre 2007 e 2014. Mais que isso: a proposta de 4% sem retroativo impõe uma perda real (depois de descontada a inflação do período) acumulada de 3,9% no período de 2007 a 2016.
No ano passado, o reajuste negociado com o sindicato patronal foi escalonado em três fases, sendo que apenas na última o percentual era equivalente à inflação do período. Ao se calcular a média do reajuste, o ganho foi de 5,85%. Portanto, 2,57% abaixo da inflação (INPC) encerrada na data-base da categoria – abril. Ou seja, a categoria teve perda real de 2,57% no período.
Neste ano, a proposta é ainda mais agressiva. Depois da retirada da pauta-bomba, os patrões ofereceram 4% de reajuste, mas sem o retroativo. Isso significa que o aumento seria válido somente a partir do mês seguinte ao acordo. No caso, a partir de outubro. Como a data-base dos jornalistas é abril, no período entre abril e setembro os salários teriam sido congelados. Assim, o reajuste real da categoria seria de apenas 2% em 2016 (0% para os seis primeiros meses e 4% para os seis meses finais).
Em anos anteriores, mesmo com forte crescimento da economia brasileira, o ganho real da categoria nunca ultrapassou a marca de 2%. O maior ganho verificado (veja tabela) se deu em 2007, com 1,56% acima da inflação.
Para que o salário da categoria seja reajustado de acordo com a inflação acumulada em 10 anos, o percentual de reajuste da negociação desse ano precisa ser de no mínimo 5,9%, abaixo disso a categoria terá tido perda real na última década. Ou seja, 5,9% com retroativo garantiria o 0 a 0 com a inflação.
O reajuste de 5,9%, no entanto, ainda está muito abaixo da inflação verificada no período que se encerra na data-base da categoria, que foi de 9,91%. Ou seja, para garantir o equilíbrio da conta neste ano, o reajuste dos jornalistas mineiros precisa ser superior a 9,91%.
Ano | Reajuste dos jornalistas | INPC | Variação real (reajuste – INPC) | PIB |
2016 | 2%** | 9,91% | -7,91% | * |
2015 | 5,85%* | 8,42% | -2,57% | -3,80% |
2014 | 7% | 5,61% | 1,39% | 0,10% |
2013 | 7,22% | 7,22% | 0,00% | 2,30% |
2012 | 6% | 4,97% | 1,03% | 0,90% |
2011 | 7% | 6,30% | 0,70% | 3,90% |
2010 | 6% | 5,30% | 0,70% | 7,50% |
2009 | 5,92% | 5,82% | 0,10% | -0,20% |
2008 | 7% | 5,90% | 1,10% | 5,10% |
2007 | 5% | 3,44% | 1,56% | 6% |
* O reajuste firmado em 2015 foi escalonado em três fases. A média dos reajustes garantiu reajuste de 5,85% para os jornalistas no período
** A proposta de 4% do Sindicato Patronal sem pagamento do retroativo garantiria reajuste médio de apenas 2% em 2016, se considerado que o percentual for aceito e entre em vigor em outubro