Diários Associados: jornalistas retomam mobilizações contra redução salarial

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Jornalistas da TV Alterosa e do Estado de Minas pararam o trabalho nesta quinta-feira 16/6 e se concentraram nas portas das duas empresas para discutir a continuidade do movimento contra a redução ilegal nos salários feita pela direção dos Diários Associados. Eles marcaram assembleias para a próxima segunda-feira 20/6, às 13h30, na TV Alterosa, e às 14h30, no Estado de Minas, nas quais decidirão sobre a retomada da greve nos dois veículos. Eles também assinaram um abaixo-assinado que contesta a alegação da empresa de que a redução salarial foi feita a pedido dos trabalhadores. O documento será entregue à Justiça do Trabalho.

Os profissionais do Estado de Minas decidiram também escrever uma carta aberta à sociedade expondo as razões do seu movimento, a exemplo do que fizeram hoje os colegas do jornal Correio Braziliense, outro veículo dos Diários Associados, que também paralisaram o trabalho. O interesse dos jornalistas, assim como do Sindicato, sempre foi a preservação das empresas e dos empregos, mas a situação no condomínio Associados tornou-se insustentável diante de uma direção intransigente, que não negocia, desrespeita direitos e impõe decisões ilegais. Outra decisão foi a formação de uma comissão da redação para expor ao juiz do trabalho a situação vivida no jornal.

Os jornalistas estão indignados diante também de novas iniciativas dos patrões, como a imposição da catraca eletrônica. Diversos profissionais fizeram questão de dizer que sempre foram ponderados, mas agora não dá mais mais, é hora de endurecer com a empresa. “Só fomos ouvidos quando paramos o trabalho”, disse um jornalista.

Ataque a direitos

A redução dos salários, que veio integralmente pela primeira vez no pagamento deste mês, foi rejeitada pelos jornalistas desde o começo. Em plebiscito realizado pelo Sindicato 95% disseram não à proposta patronal, considerada mais um desrespeito numa longa lista de ataque aos direitos dos trabalhadores.

Em dezembro do ano passado, os Diários Associados deixaram de pagar o 13º. Depois de greves e ações na Justiça, o pagamento foi feito, em parcelas, mas até hoje os editores não receberam integralmente. O plano de saúde, com o qual a empresa estava inadimplente, foi trocado por outro pior e mais barato, mas novamente a empresa ficou inadimplente. Tíquete refeição e férias não estão sendo pagos. O FGTS e a contribuição sindical são descontadas dos salários, mas não são depositados. Todas essas ilegalidades são motivo de ações do Sindicato na Justiça do Trabalho, em nome dos jornalistas.

A mais recente indignação foi de jornalistas que descobriram que não terão restituição do imposto de renda e caíram na malha fina, pois a empresa informou à Receita Federal valores que não correspondem aos pagos aos trabalhadores.

Abaixo-assinado

Nas reuniões, representantes do Sindicato informaram os jornalistas sobre a primeira audiência da ação movida pelos trabalhadores contra a redução salarial imposta pelos patrões. A audiência na Justiça do Trabalho foi realizada terça-feira 14/6 e nela a direção dos Associados apresentou sua defesa, que pode ser lida na íntegra clicando aqui. A empresa alega que a redução salarial foi um pedido dos trabalhadores, que, sensibilizados com a crise econômica e diante da intransigência do Sindicato, teriam espontaneamente formado uma comissão e procurado a direção da empresa.

A afirmação foi contestada pelo Sindicato e recebida com espanto pelo juiz do trabalho, que disse que a empresa está tentando fazer uma recuperação judicial às custas dos trabalhadores. O Sindicato reiterou que sempre esteve disposto a negociar com a empresa, mas nunca recebeu nenhuma proposta concreta com contrapartidas à redução salarial, tais como estabilidade, transparência das contas da empresa e informações sobre cortes nas remunerações dos diretores e condôminos. A intransigência, de fato, é da empresa.

Diante da defesa apresentada pelos Associados, o Sindicato decidiu passar um abaixo-assinado que teve adesão maciça a dos jornalistas. Nele, os trabalhadores contestam que tenham solicitado redução salarial e afirmam que ela foi imposta pela empresa com ameaça da demissão. O documento será anexado ao processo na Justiça do Trabalho. As próximas audiências estão marcadas para 12 e 15 de julho, respectivamente para os jornalistas da TV Alterosa e do Estado de Minas.

“A defesa da empresa foi mais uma mentira deslavada. O abaixo-assinado tem um papel jurídico e outro de resposta dos trabalhadores”, disse o presidente Kerison Lopes. “O Sindicato tomou e continuará tomando todas as medidas jurídicas cabíveis contra esse desrespeito aos trabalhadores dos Associados, mas só isso não basta, é preciso retomar a mobilização”, acrescentou.

 

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