Balanço da S/A Estado de Minas mostra queda de receita e administração incapaz

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A análise dos balanços da S/A Estado de Minas, empresa proprietária do jornal e parte do conglomerado Diários Associados, mostra queda contínua de receita e uma administração confusa, incapaz de reverter os resultados negativos. Ao mesmo tempo em que corta custos comerciais, o jornal aumenta despesas administrativas, o que, no fim das contas, não representa economia. Sem conseguir estancar a queda de receita, os lucros com aplicações financeiras obtidos pela empresa não conseguiram mudar o quadro de prejuízos. Chama atenção o aumento expressivo das provisões para contingências, que cresceu 28,79% em relação ao balanço de 2013 e 130,84% em relação ao balanço de 2010. Isto significa que aumentou expressivamente o dinheiro reservado para pagamento de ações cíveis e trabalhistas – R$ 10 milhões 136 mil. O passivo trabalhista da empresa em 2014 foi de R$ 15 milhões 435 mil.

A análise foi feita pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômico – Dieese para o Sindicato dos Jornalistas com base nos balanços publicados no próprio jornal. O documento, denominado “Observações sobre a Demonstração de Resultados do Exercício e do Balanço Patrimonial da S/A Estado de Minas”, pode ser lido na íntegra em PDF clicando aqui.

Segundo o autor do estudo, Lúcio Monteiro, as informações do balanço são comprometidas pela ausência das “notas explicativas” que acompanham os balanços dos anos anteriores, mas não foram publicadas no balanço de 2014. Isso impede que se saiba, por exemplo, a que se destinam as provisões para contingências. O fato é que se trata de um dinheiro guardado pela empresa, uma espécie de “poupança estratégica”, e que foi aplicado no mercado financeiro.

A empresa optou por publicar estritamente o que é obrigada por lei. Dessa forma, apenas os acionistas tiveram acesso às “notas explicativas”, que podem elucidar alguns pontos da situação do jornal. A S/A Estado de Minas mudou também a empresa responsável pela auditoria do balanço, que em 2014 foi a BDO RCS Auditores Independentes. O detalhamento das despesas com pessoal e encargos não aparece no balanço, mas também não apareceriam nas “notas explicativas”. Somente uma auditoria detalhada poderia revelá-los.

A análise do balanço, de acordo com o Dieese, provoca curiosidade sobre quais são as prioridades da empresa, já que os resultados não as apontam. Se estiver tentando resolver seus problemas exclusivamente do ponto de vista financeiro, com aplicações, o fato é preocupante, porque o ganho com juros tem limite e depende do aumento da receita, o que não vem acontecendo. Dados da Associação Nacional de Jornais mostraram que no mesmo ano, 2014, a circulação do Estado de Minas caiu 17% em relação a 2013, chegado a 87.388 exemplares, em média. No mesmo ano, seu concorrente O Tempo cresceu 30%, chegando a 82.055 exemplares médios.

18/2/16

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