Segundo volume de “Estamos vivos. A volta será pior” será lançado no dia 11/9

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Conhecido e reconhecido por sua incansável defesa dos direitos humanos, Betinho Duarte acaba de publicar um livro que entra para a história da democracia brasileira. Oportuníssimo, nesta conjuntura de avanço neofascista, “Estamos vivos. A volta será pior – o DNA do terrorismo de direita em Minas” foi lançado na sexta-feira 28/8 na Casa do Jornalista e teve sua primeira edição praticamente esgotada. O segundo volume já está na gráfica e será lançado no próximo dia 11 de setembro, data simbólica importante para os que lutaram contra as ditaduras na América Latina.

O primeiro volume de “Estamos vivos. A volta será pior” é um alentado documento que deve ser consultado por todos aqueles que hoje andam brincando com a democracia. Jovens que cresceram em liberdade, idosos esquecidos das conquistas das últimas décadas, elites que cultivam o ódio contra as classes populares, políticos que exercem seus mandatos com desenvoltura e insensatez – todos têm a ganhar refrescando a memória nas páginas de “Estamos vivos”.

Bem cuidada e fartamente ilustrada com a reprodução de fotografias, jornais e documentos da época enfocada (1961-1995), ao longo de 472 páginas, a edição de 500 exemplares foi garantida pelo apoio cultural da Cemig e está sendo distribuída gratuitamente. Embora o segundo volume esteja a caminho, o primeiro merece uma nova tiragem, capaz de abarcar maior número de leitores e se espalhar pelo país, servindo, quem sabe, de estímulo para trabalhos similares em outros estados.

Terrorismo contra a imprensa

A frase título (“Estamos vivos. A volta será pior”) é reprodução de uma pichação feita na sede do jornal Em Tempo, no atentado a bomba praticado em 28/7/1978. A pichação foi assinada “MAC+GAC” (Movimento Anticomunista e Grupo Anticomunista), grupos terroristas cujos integrantes nunca foram identificados nem punidos pelos Estado brasileiro, ao contrário do que aconteceu com os militantes das legendas da esquerda armada.

Serve de alerta, portanto, aos que se fantasiam de verde e amarelo para pedir impeachment e intervenção militar, para desestabilizar o estado de direito e semear a luta de classes – inclusive na imprensa, uma das instituições mais atingidas por inúmeros atentados da direita terrorista durante a ditadura. Serve também para lembrar aos que prezam a democracia que hoje a eleição dos governantes é livre, assim como as manifestações, graças à luta de muitos que tombaram na ditadura.

Mas não é só porque serve de refresco à memória dos levianos e dos democratas que “Estamos vivos” deve ser lido. É também porque se trata de boa leitura, apesar do tema doloroso. Basta ver o elenco de jornalistas que colaborou com Betinho Duarte na empreitada, contando boas histórias: José Maria Rabêlo, Paulo Lott, Geraldo Elísio (Pica-pau), Márcio Metzker, Aloísio Morais, Otaviano Lage, José Carlos Alexandre e Fernando Miranda, este o coordenador do livro. Além de eminentes cientistas sociais, dentre os quais Otávio Dulci, que, num artigo curto, mas densamente informativo, lança luz sobre os espectros e os novos fascistas.

No Capítulo 1 (ao todo são 37), Betinho diz que, a despeito de ter vivido intensamente a militância política desde a adolescência, descobriu, ao hibernar “como um urso”, na pesquisa que deu origem ao livro, que esteve no meio de um furacão e sobreviveu a ele. “Como eu soube agora de tudo isso? Tive acesso a informações relevantes, que permaneciam ignoradas”, diz. São informações que mostram a teia ligando terroristas clandestinos a autoridades legais.

Segundo e terceiro volumes

O segundo volume de “Estamos vivos. A volta será pior – o DNA do terrorismo de direita em Minas” será lançado no dia 11 de setembro, às 19h, no auditório do Crea-MG. Com cerca de 400 páginas, o livro reproduz as matérias jornalísticas que serviram de fonte para o primeiro volume, inclusive aquelas publicadas em jornais hoje extintos: Correio da Manhã, Última Hora e Tribuna da Imprensa. No lançamento haverá um debate com o sociólogo Otávio Dulci sobre o tema “fascismo ontem e hoje”.

A data, explicou Betinho, foi escolhida em homenagem a três militantes de esquerda mortos durante a ditadura: Ângelo Pezzuti, que morreu no exílio, há 40 anos; Gildo Macedo Lacerda e José Carlos Mata Machado, assassinados pela polícia política em 1973. O lançamento homenageia também o povo chileno, no 42º aniversário da deposição do presidente Salvador Allende.

O autor revelou que um terceiro volume deve se somar aos dois primeiros. Ele conteria os documentos da CPI da Assembleia Legislativa de Minas Gerais que em 1980 investigou o terrorismo de direita no estado. “A iniciativa já recebeu apoio do deputado estadual Durval Ângelo (PT), vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos da ALMG”, informa Betinho, acrescentando que aquela CPI foi desativada quando o governo da época, ainda sob a ditadura, percebeu que as investigações estavam chegando aos responsáveis pelos crimes.

 

(Foto: Betinho Duarte autografa o livro para José Maria Rabêlo. Crédito da foto: Estação Liberdade / Facebook.)

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