Eleição da Comissão de Ética do Sindicato é nesta terça 30/6

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O Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais convoca os jornalistas mineiros para eleger nesta terça-feira 30 de junho a sua nova Comissão de Ética. Podem votar todos os jornalistas profissionais, filiados ou não ao Sindicato, desde que apresentem documento que comprove o registro profissional. A votação, por cédula depositada em urna, acontece de 9h às 18h, na sede do Sindicato (Avenida Álvares Cabral, 400, Centro).

A Comissão de Ética é formada por cinco membros, sendo três jornalistas sindicalizados e dois representantes de entidades da sociedade civil, todos de ilibada conduta moral e ética. Os mandatos dos eleitos começarão em 1º de julho de 2015 e terminarão em 12 de junho de 2017.

Prevista no Artigo 32 do Estatuto Social do Sindicato, aprovado em 2005, a Comissão de Ética desempenhou papel muito importante a partir daquela data. Foi compromisso de campanha da atual diretoria reativá-la. Cabe à Comissão receber, apurar e julgar denúncias de violações da ética jornalística por jornalistas profissionais.

Conheça a seguir os candidatos jornalistas e leia os textos que eles escreveram. Além de votar nos candidatos, os eleitores poderão indicar uma entidade da sociedade para fazer parte da Comissão de Ética; as duas entidades mais votadas serão eleitas.

Mozahir Salomão Bruck

“Dispor-me a contribuir, naquilo que permite minha formação acadêmica e profissional, para a busca de um debate mais amplo e também aprofundado acerca das questões éticas do jornalismo na atualidade, tem, certamente, motivações distintas, mas em especial, o decisivo momento que o campo do jornalismo enfrenta hoje. Seja em termos de seu futuro como ator social, de como contribuirá para a construção do conhecimento cotidiano, dos lugares e papéis que cabem e caberão ao profissional jornalista no presente e num futuro com ou sem programações radiofônicas de matriz analógica, de jornais de papel ou eletrônicos, da notícia e todo o discurso jornalístico circunscrito a uma única tela. A notícia dos gadgets. Na palma da mão. Mas é mais que isso: se se alteram as condições de produção, de construção de linguagem, e, principalmente, de trabalho, como se redefinem nossos parâmetros éticos? Pois este é um horizonte – o ético – para o qual não se deve admitir desconsiderações ou mesmo apagamentos. Materialmente, como serão os suportes da notícia é uma questão relevante. Mais importante é, no entanto, não relegarmos a um plano menor o permanente debate ético da profissão, independentemente de seus contextos e circunstâncias.”

– Mozahir Salomão Bruck é pós-doutor em Teoria e Ética do Jornalismo. Professor do Programa de Pós-graduação em Comunicação e do curso de Jornalismo da PUC Minas. Foi repórter das rádios Globo e CBN; âncora da Rádio CBN; editor da TV Bandeirantes e diretor da TV PUC e da TV Horizonte.

Valéria Said Tótaro

“O objetivo precípuo de uma Comissão de Ética sindical é reforçar o papel da entidade na disseminação do nosso ethos profissional, a partir da institucionalização, perante a categoria e a sociedade, dos valores específicos da ética jornalística. Sabemos que nenhum código de conduta tem poder de fazer com que profissionais deliberadamente se tornem mais éticos. Pelo contrário, como nos alerta o jornalista e professor de Ética Francisco Karan: “A necessidade de escrever o que uma categoria profissional deve fazer profissionalmente é mais ou menos reconhecer que a consciência não adere, espontaneamente, aos pressupostos ontológicos, epistemológicos e morais de uma atividade”. E que respostas para dilemas éticos não serão encontradas de pronto nessas regras de conduta, que são inerentemente limitadas.

“Mas certamente é a partir desses princípios deontológicos que podemos identificar quando desvios profissionais afrontam o perfil ético que a profissão exige e distorcem a função social da atividade, pois nossa liberdade de imprensa tem, como contrapartida, a responsabilidade pelas informações éticas e tecnicamente bem apuradas. Com efeito, Comissões de Ética sindicais são potenciais mecanismos pedagógicos de responsabilização da profissão e da mídia, tendo em vista que jornalistas, cada vez mais conscientes e praticantes de suas responsabilidades éticas, contribuem para valorizar, honrar e dignificar a profissão (inciso V, artigo 6º, do Código de Ética) e reafirmar à sociedade nossos valores profissionais.”

– Valéria Said Tótaro é professora de Ética, Teorias do Jornalismo e de Análise de Discurso Político, articulista, militante do movimento Slow Fashion (ética no consumo de moda e sustentabilidade) e ex-diretora do Sindicato.

Virgínia Castro

“Entendo a ética no jornalismo como obrigação. No cotidiano da nossa profissão, lidamos com inúmeras questões relacionadas à ética, mas nem sempre sabemos como agir diante de algumas situações que nos exigem ir além de nossa convicção ética. Por isto, existe um Código de Ética da profissão, que deve ser cumprido, embora não tenhamos ainda um Conselho Federal de Jornalismo (autarquia com real poder de fiscalização e sanção). Assim, cabe à Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e aos seus sindicatos filiados instituir comissões de ética que possam minimamente orientar seus associados quanto às questões afetas à ética profissional, acolher denúncias e oferecê-las, se for o caso, aos órgãos públicos, em conformidade com a lei.

“A ética no exercício da profissão pressupõe comportamentos e atitudes condizentes com o respeito e a observância dos limites na publicização de um fato, levando-se em conta princípios como a dignidade humana, direito ao contraditório e à isonomia entre as fontes na estruturação da notícia, dentre outros. Também pressupõe relação de boa convivência e respeito no ambiente de trabalho.

“As entidades profissionais devem criar suas comissões de ética com os seguintes propósitos: 1 – fiscalizar o cumprimento do Código de Ética dos Jornalistas Profissionais (http://www.fenaj.org.br/federacao/cometica/codigo_de_etica_dos_jornalistas_brasileiros.pdf); orientar os associados quanto às questões afetas à ética profissional (até onde um jornalista pode ir, ao cumprir, por exemplo, uma ordem patronal de fazer ou deixar de fazer determinada matéria? Quais são os aspectos que denotariam conduta aética por parte de um jornalista, quando de sua passagem por uma chefia em empresa jornalística? Que assuntos demandariam maior cuidado – e que cuidados seriam estes? – na estruturação de uma matéria e divulgação dos fatos?); acolher denúncias de profissionais acerca de possíveis atitudes aéticas por parte de chefias, colegas etc.; encaminhar denúncias aos órgãos competentes; ministrar palestras e cursos de interesse dos profissionais, que digam respeito à ética, dentre outros propósitos.”

– Virgínia Castro é jornalista formada pela UFMG e cursa o 7º período de Direito na Universidade Fumec. Trabalhou como repórter de política no jornal Hoje em Dia e editora na TV Record MG. Foi assessora de imprensa da Associação Médica de Minas Gerais e da Associação dos Magistrados da Justiça do Trabalho da 3ª Região – Minas Gerais (Amatra3). Foi diretora do Sindicato e membro do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos Humanos (Conedh), indicada pelo Sindicato.

 

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